Professor alega discriminação ao tentar lecionar em escola militar de Barra do Garças

Gibran Freitas disse que foi orientado por assessoria pedagógica a raspar barba e esconder tatuagens para dar aulas na antiga escola São João Batista

O professor de educação física Gibran Dias Paes de Freitas denunciou nesta segunda-feira (25), nas redes sociais, ter sido alvo de discriminação durante processo de atribuição para lecionar na Escola Militar Tiradentes, antiga Escola Estadual São João Batista em Barra do Garças. O desabafo gerou comoção e revolta entre os profissionais da área da educação da cidade e têm ganhado destaque no estado.

Professor concursado na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) há 11 anos, ele alega que foi orientado a raspar a barba, usar camisa de manga longa para esconder as tatuagens e tirar os brincos para se adequar ao ambiente da unidade de ensino que possui um modelo de gestão compartilhada com a Polícia Militar de Mato Grosso.

Ao Semana7, Gibran disse que a informação sobre a ‘readequação’ necessária para lecionar na instituição foi repassada em uma reunião da assessoria pedagógica diante de colegas professores que também aguardavam para fazer as atribuições de aulas, o que ele descreveu como uma situação constrangedora. “Eu fiquei meio atônito na hora, pensei até que fosse uma piada”, explicou.

O educador procurou o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), que realizará uma reunião amanhã (27) e deve emitir ainda hoje uma nota de repúdio. Ele também entrará com uma ação por dano moral e uma representação junto ao Ministério Público Estadual (MPE).

“Fui informado na frente dos colegas que estavam para atribuição que não poderia me expressar através do meu corpo. Não estou pedindo para dar aula com roupa inadequada para escolas. Simplesmente, quero usar uma camiseta para dar aula. Fiz concurso para ser um professor, não policial militar”, relatou no vídeo.

Ainda no relato, o professor também ressaltou que escola é um espaço civil e não militar, cobrando respeito à diversidade. “Com todo respeito à importância da instituição PM para nossa sociedade, escola não é um espaço militar, não é um espaço regido pelas normas da PM. É um espaço civil onde inclusive se aprende o respeito a pessoas que optam por usar barba, tatuagem, brinco, o respeito pela diversidade. Só que não permitem que a diversidade entre para dentro dessa escola”, completou Gibran.

O que diz a Seduc

O portal também entrou em contato com a Seduc, a qual informou por meio da assessoria que ainda não tem um posicionamento sobre o ocorrido e que está tomando conhecimento sobre a situação. Esta matéria será atualizada com novas informações quando disponíveis.

Escola Militar em Barra do Garças

A Escola Estadual São João Batista, no bairro Santo Antônio, funcionará com modelo de gestão compartilhada com a Polícia Militar de Mato Grosso composto por gestão estratégica, gestão cívico-militar e gestão pedagógica.

Na parte estratégica, a Secretaria de Educação, em articulação com a Polícia Militar, ficará responsável pelo planejamento e definição de estratégias para a prática pedagógica da Escola Militar Tiradentes de Barra do Garças.

Na gestão cívico-militar, caberá a Polícia Militar implantar na escola rotinas militares que possam contribuir para o desenvolvimento de um ambiente que cultive a disciplina, o respeito à hierarquia, a meritocracia e a promoção de um ambiente organizado e acolhedor, voltado à melhoria da aprendizagem dos estudantes.

Na gestão pedagógica e administrativa, a Secretaria Estadual de Educação será responsável pela execução do projeto político pedagógico definido pela comunidade escolar.

Fonte: RD news