“Ministro se considera Deus; não temos mais justiça”, diz prefeito afastado em MT

Carlos Alberto Capeletti é acusado de tentar "subverter a ordem democrática" no Brasil.

O prefeito de Tapurah, Carlos Alberto Capeletti (PSD), que foi afastado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, nesta quarta-feira (7), afirmou que o magistrado se considera um “Deus”.

Na decisão, o ministro afirmou que Capeletti tem atuado para incentivar a ida de caminhoneiros para Brasília “com a inequívoca intenção de subverter a ordem democrática”.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, o prefeito disse acreditar que juridicamente nada pode ser feito para reverter seu afastamento.

“A minha esperança é que se tome alguma atitude, porque juridicamente não tem o que fazer. Por mais que eu possa ter advogados, entrar com defesa, eu tenho certeza que quem vai julgar é o ‘imperador.’ Ele [Moraes] se intitulou Deus, não é nem imperador. Ele se colocou acima de todos no País”, disse.

“Então, dificilmente terá algo que a justiça vai fazer por alguém. Ou seja, não temos mais justiça, é uma ditadura total”, acrescentou.

O prefeito se defendeu das acusações de incentivo a atos antidemocráticos e disse que não chegou a ser intimado da decisão. Segundo Capeletti, ele soube do afastamento pela imprensa e redes sociais.

“Eu não sei do que estou sendo acusado. Não foi intimado, primeiramente. O que eu li nas mídias sociais é que eu instiguei caminhoneiros. Eu não fiz nada disso, porque eu fui para lá depois que os caminhoneiros já estavam lá”, afirmou.

Manifestações

Capeletti ainda saiu em defesa dos manifestantes que contestam o resultado da eleição presidencial, em que Lula foi o vitorioso, e defendeu a intervenção das Forças Armadas contra o que ele caracteriza como “ditadura no País”.

“Tem gente cansando, mas vai e entra outro. Procurando respostas. Não pode mais existir essa ditadura no Brasil. Então, as Forças Armadas têm sim que fazer alguma coisa, senão a própria população vai se revoltar contra as Forças Armadas a partir de agora. […] Nós precisamos de uma resposta. E se a resposta as Forças Armadas não derem, então fala pra nós. Porque aí, pelo menos, nós vamos embora”, disse.

Ações antidemocráticas

Na decsião do afastamento, o ministro Alexandre de Moraes citou que o prefeito gravou um vídeo falando de uma ação do Exército e ameaçando tomar o Congresso e o Supremo.

“Se até o dia 15 de novembro o Exército não tomar alguma atitude em prol da nação brasileira e da nossa liberdade, nós vamos tomar atitude. Tenho certeza que, aos milhões lá, alguém vai ter uma ideia. Vamos tomar o Congresso, o STF, até o Planalto. Se até lá o Exército não tomar uma atitude, vamos nós fazer uma nova Proclamação da República”, disse na ocasião.

Como justificativa, Capeletti afirmou que a ameaça foi feita em um “momento de empolgação”, e que não tomaria tal atitude.

O afastamento será de 60 dias, período em que a cidade deve ser comandada pelo vice-prefeito, Odair Cesar Nunes (PSD).

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