Governador descarta decretar lockdown, mas considera "equívoco" da sociedade

governador Mauro Mendes (DEM) avaliou que é um erro não fazer um fechamento total para evitar a disseminação do coronavírus em Mato Grosso, mas descartou decretar o lockdown. Mauro cita que a Assembleia rejeitou a proposta de adiantar os feriados e que há uma tendência de desobediência desse tipo de medida em todo o país.

 

Os números de casos e de mortes da Covid-19 seguem em tendência de alta, mesmo após as restrições de horário de funcionamento do comércio decretadas pelo governador a partir de 3 de março. O toque de recolher valeu por 15 dias e foi renovado. Os efeitos na contenção do vírus, porém, são tímidos. Ontem, o governo chegou a divulgar um novo decreto, mas recuou rapidamente.

“Dificilmente vai ser o lockdown porque a gente tentou fazer a antecipação dos feriados, e a Assembleia é um Poder Constituído, que representa dentro da nossa democracia, também a sociedade e o povo do meu Estado, e ela rejeitou. Quase foi por unanimidade, só teve um voto, que por incrível que pareça foi um voto da oposição”, lembrou Mauro em entrevista à Capital FM.

O projeto de lei enviado pelo Executivo previa que feriados de Corpus Christi, Consciência Negra, Dia do Servidor Público, Dia do Trabalhador e aniversário dos municípios, seriam antecipados para a próxima semana, ficando emendados com a Semana Santa. Seria uma maneira de fazer a quarentena sem prejuízo maior à economia. Apenas o deputado Lúdio Cabral (PT) votou de maneira favorável.

“Então a gente vai apertar o nível de restrição porque se você manda um conjunto grande de pessoas fazer algo que elas não querem fazer, é aquilo que eu disse inicialmente: há uma predisposição em todo o país para um sentimento do exercício da insubordinação, da desobediência”

Mauro Mendes

“Então o governo tem que reconhecer isso também, e é um direito que a sociedade tem de escolher os seus caminhos e o faz através de seus representantes. O nosso papel, o meu dever, eu tenho a consciência tranquila perante a mim, perante a Deus e qualquer um, que estamos fazendo... estamos fazendo campanha, aquilo que a ciência recomenda como correto, mas a gente percebe que a grande maioria não quer isso”, declarou.

 “Então a gente vai apertar o nível de restrição porque se você manda um conjunto grande de pessoas fazer algo que elas não querem fazer, é aquilo que eu disse inicialmente: há uma predisposição em todo o país para um sentimento do exercício da insubordinação, da desobediência”, continuou.

O governador disse que, como “representante do povo”, ele deve fazer “aquilo que o povo quer”. “Debater claramente, dizer das consequências, gente... o distanciamento foi a grande ferramenta usada no mundo inteiro, vários países fizeram, vários estados fizeram, está comprovado que é um mecanismo eficaz. Agora, se não queremos, se a maioria não quer, tem consequências”.

Questionado se as pessoas estariam escolhendo a morte, Mauro amenizou: “As pessoas não escolhem a morte, não é assim uma relação tão direta, tão objetiva. Porém, como houve uma confusão de lideranças, uma confusão de dizeres e de opiniões no país, as pessoas estão estressadas, cansadas de um ano de pandemia. E no meio dessa confusão, as pessoas e a própria sociedade como um todo cometem equívocos, e isso é um equívoco”.

RD News